Apesar dos avanços nas discussões em torno dessa temática, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que haja pleno respeito às mulheres e seja erradicado qualquer tipo de violência, solidificando a igualdade e a justiça. – Edna Vasselo Goldoni
Também na comunidade LGBTI+, os registros de violência contra as mulheres bissexuais ou lésbicas são superiores aos contra homens homossexuais e bissexuais, conforme dados divulgados, em junho, no Atlas da Violência, realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
As estatísticas levaram a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal a
realizar, também em junho, uma audiência pública para debater o assunto, que requer uma adesão mais ampla da sociedade para ter solução. Uma questão que, em breve, começará a bater à porta das empresas.
Uma iniciativa diferenciada nesse sentido será lançada no dia 25 de setembro. Trata-se do Projeto Rota VCM,
idealizado pelo IVG – Instituto Vasselo Goldoni, que tem como foco o empoderamento feminino. O grande objetivo do Rota VCM é reunir todas as informações que hoje existem, mas estão disponíveis de forma pulverizada, compilá-las e disponibilizá-las para a sociedade em geral.
Ao concentrar as informações em um mesmo lugar, o projeto evidencia a responsabilidade de todos aqueles
que, de alguma forma, estão ligados à mulher que sofre violência: familiares, amigos, líderes e colegas de trabalho, Ministério Público e outros atores.
A ideia nasceu em abril, após a realização, na capital paulista, do 1º Fórum IVG. O evento reuniu mais de 200
participantes e cerca de 20 parceiros engajados na luta pelos diretos das mulheres; a renda foi revertida para o
IMP – Instituto Maria da Penha, fundado por Maria da Penha Maia Fernandes para combater a violência doméstica, da qual ela própria foi vítima.
“O sucesso do evento foi um indicativo de que podemos ir em frente e fazer mais. Apesar dos avanços nas
discussões em torno dessa temática, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que haja pleno respeito às mulheres e seja erradicado qualquer tipo de violência, solidificando a igualdade e a justiça. O Rota
VCM surge como um desdobramento do fórum, para gerar novos debates e ações afirmativas”, afirma Edna Vasselo Goldoni, presidente do IVG.
Um comitê foi, então, constituído para estruturar o projeto e definir conteúdos e estratégias que terão como propósito sensibilizar todos os envolvidos no Rota VCM.
O projeto conta com o apoio financeiro da Levee, empresa signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (Women’s Empowerment Principles, WEPs na sigla em inglês) da ONUMulheres, e é composto de cinco açõesconjuntas, chamadas de pílulas:
1ª – Elaboração do material informativo Violência e Assédio contra Mulher na Pauta da Liderança, que será
disponibilizado para os líderes empresariais. O material apresentará o passo a passo para que as organizações se estruturem e possam atuar com efetividade nessa temática.
2ª – Levantamento e divulgação das iniciativas implementadas pelo poder público, em todas as suas esferas, tanto do ponto de vista da legislação, quanto dos programas sociais, em apoio às mulheres que sofrem violência.
3ª – Aqui, o projeto tem como público-alvo os amigos e familiares, que, Por que Rota VCM Quem pensou em Rota de Violência Contra a Mulher, não está errado. Seria natural. Mas o Rota VCM é, na verdade, uma
Rota de Vida e Coragem da Mulher. Até porque, no mundo buscado pelo projeto, a violência contra a mulher será apenas uma amarga lembrança do passado. ao serem conscientizados sobre a importância de seu papel, poderão atuar preventivamente ou para apoiar a vítima, tornando-se um agente fundamental no combate à
violência contra ela.
4ª – Atuação junto às redes de apoio à mulher, que poderão se tornar ponto de distribuição de material sobre as formas de prevenção e enfrentamento dos diversos tipos de violência.
5ª – Um dos pontos cruciais do Rota VCM é a atuação intensiva para inclusão da figura masculina ao lado da mulher nessa luta, uma estratégia essencial para estancar o alto número de casos de violência registrados atualmente no país.
O projeto tem a coordenação de Edna, Maristella Iannuzzi e Maria Helena Bragaglia e o comitê de conteúdo é composto por Ivana Mozetic, Sarag Gil do Amaral, Débora Isis Acioly e Ana Paula Abrache, além das três coordenadoras.
Gestão RH Edição 144 . 2019 – Página 120